Detesto que me roubem a solidão sem me dar em troca verdadeiramente companhia. (Friedrich Nietzsche).

sexta-feira, 18 de maio de 2012

O Cachimbo - Final



Sou relativamente novata na blogosfera, vim para cá em dezembro de 2010. Meu primeiro blog não durou um ano. Minha imaturidade como blogueira fez com que eu me decepcionasse e excluísse o antigo blog. Alguns aqui o conheceram, e aproveito para agradecer a eles por me acompanharem aqui também.
Eu gostava do meu outro blog, e quando voltei pra cá, o trouxe de volta, mas mantenho ele oculto. Antes de excluí-lo, fiz um outro, dedicado a Edgar Allan Poe. Acabei me decepcionando mais ainda e o deixei de lado. Confesso que me arrependo de ter desistido do blog de Poe, não era importante para a blogosfera, mas era pra mim, ainda é, e decidi que vou reativá-lo. Bom, o fato é que na época eu me decepcionei, fiquei chateada, revoltada, porque via tanto blog ruim (ruim pra mim, logico) com tanta coisa sem noção, que nada acrescentava a ninguém, via esses blogs dando tanta audiência, e eu com a maior dificuldade em obter retorno. Com o tempo, fui descobrindo uma outra realidade. Blogs com tantos conteúdos legais, instrutivos, divertidos, criativos, interessantes, sensíveis, foram abandonados, tinham um ou outro, ou nenhum, comentário e muito conteúdo bom, interessante. Cheguei a deixar comentários pra ver se os donos respondiam, mas os blogs estavam às moscas mesmo. Sabe quando, nos filmes, alguém chega numa cidade e não vê uma viva alma, entra nos lugares e não tem ninguém, e fica chamando "Helloooo!...Anybody there? Anybody here?..Hellooo!..." E só ouve um vento carregando poeira? Pois é, foi mais ou menos essa a sensação que tive ao entrar nesses blogs.
Acho que fantasiei sobre a blogosfera, pensei que aqui fosse mais fácil interagir. Bem, pra mim não foi. Aqui não há tanta receptividade como imaginei. Cheguei a pensar que sou eu que não sirvo para ser blogueira. Pra falar a verdade, ainda penso.
Passado um tempo, e a decepção, resolvi tentar mais uma vez, e acabei voltando com este blog. Ainda estou meio travada, mas já sei de muita coisa sobre a blogosfera. As coisas aqui são bem mais óbvias que em outras redes, tão óbvias que muitas vezes é dificílimo enxergá-las. Mas é só prestar atenção, e foi o que passei a fazer, e passei a entender melhor o que rola aqui.
O que a pessoa faz no seu blog fala mais sobre ela do que o seu perfil, e o que ela diz no blog da gente, idem.  É óbvio, mas percebo que muita gente não vê a importância disso. É só seguir e pronto, e comentar, mesmo que praticamente com monossílabos, só pra bater ponto, só pra "retribuir", só pra ter retorno.  Não há critérios, é uma política, a política do "me segue que eu te sigo", "comenta que eu comento". O que importa são os números. Há muitos pavões, muita paparicação e puxação de saco, e muitos egos em jogo. Costumo dizer que a blogosfera é uma fogueira de vaidades (em alguns lugares, a mesma fogueira também queima bruxas...).

No entanto, é óbvio que nem toda gente é assim, seria mais coerente eu sair daqui e não voltar mais se tivesse só gente assim, mas não dá pra não notar que é o que prevalece. Tem vida inteligente aqui, tem muitos talentos, tem muita coisa boa pra se ler, para se aprender, muita gente agradável de se conhecer, independente de tema de blog. E eu gosto de conhecer gente bacana e interessante, de ler coisas que acrescentem algo e de interagir com quem tem o que dizer. Foi para isso que vim, e agora que já sei como isto aqui funciona, estou muito satisfeita.

Concluindo o tema do óbvio, o óbvio  na blogosfera é o mesmo de todo lugar habitado por gente, não tem como ser diferente. Eu é que demorei um pouco pra enxergar.
O pintor surrealista belga René Magritte pintou  um cachimbo e escreveu embaixo: "Isto não é um cachimbo".  Escreveu aquilo para provocar a reflexão nas pessoas, porque, como diz um provérbio oriental, "o óbvio é a verdade mais difícil de se enxergar". É óbvio que não é um cachimbo, é o desenho de um cachimbo.






4 comentários:

  1. Eu nunca tive grandes pretensões com a blogosfera, escrevi na caixa por mais de ano praticamente "para mim mesma" (essa expressão é possível? rsrs)aos poucos fui construindo um circulo de amigos queridos, companheiros de virtualidade, pessoas que gosto muito e que me respeitam e são respeitados por mim.

    Mas também aprendi as lições que vc cita, realmente há uma fogueira de vaidade, uma busca por audiência muitas vezes desesperada, pessoas que espalham espan a torto e a direito esse "me siga que eu te sigo" "me comenta que eu te comento" e é chato e muito mais chato quando vc demora a perceber quem é quem.

    Sabe aquele dialogo famoso da Raposa e do Pequeno Príncipe? Na blogosfera as vezes eu me sinto uma Raposa em um mundo no qual faltam pequenos príncipes... Mas, confesso que os meus bons amigos em vários sentidos compensam os lobos que encontro pelo caminho!

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  2. Eu também não tinha grandes pretensões aqui, queria apenas interagir. Está cada vez mais difícil a interação fora da net, me sinto um ser fora do mundo, um ET querendo ir pra casa. rs... Imaginei que aqui eu pudesse conhecer as pessoas, porque lendo o que escrevem, dá pra saber se vale a pena interagir com ela , trocar ideias. E se tiver mais pessoas, melhor ainda, eu adoro uma roda de discussão, rs.
    Conheço, sim, o diálogo entre a raposa e o Pequeno Príncipe, e me sinto exatamente como você, aliás, gostei demais da sua comparação, muito inteligente e sensível. O mundo é mesmo pobre em pequenos príncipes.

    Obrigada, e um beijo!

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  3. Eu sou bem mais novato do que você, criei meu primeiro blogue em abril do ano passado e também fiquei um tanto perdido com os comentários monossilábicos, depois vieram o pessoal ofensivo e não se engane, por vezes, pessoa mantém um blogue impecável e por alguma razão que ainda desconheço, sai detonando todos de blogue em blogue e o seu é "impecável".
    Já percebi muitas coisas da blogosfera, principalmente a de que se você diz o que pensa, incomoda a muitos. Qualquer faísca vira um incêndio, há gente que polemiza e quer ver polêmica em tudo, talvez por terem vidas pouco interessantes e precisam desta "adrenalina" um tanto sinistra.
    Mas tenho parceiros que discutem com coerência e a blogosfera é como todo lugar, óbvio, onde pessoas boas e ruins habitam e temos que aprender a absorver apenas o que possa ser considerado bom.
    Eu acho lamentável blogueiros com conteúdo desistir de seus blogues, talvez desistiram por não terem o feedback que almejaram e acabam, sem querer, caindo na pretensão dos mesmos que postam o "segue que eu sigo de volta". Eu acredito que sempre há alguém que quer ler e há sempre alguém interessante para ser lido, independente da quantia de comentários que receba. Há muitos que lêem e não comentam, seja por vergonha ou por achar que não tem nada mais a acrescentar ao seu post.
    Não desanime e reative sim o blogue do Edgar Allan Poe, eu serei um fiel seguidor.

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  4. É, eu sei que fui precipitada ao detonar meus blogs, mas é que estava acostumada ao orkut, onde havia mais participação, mais interação nas comunidades de que eu participava. Era mais animado, motivava, sei lá, achei que aqui as pessoas são esquisitas. Uma mais problemática que a outra, rs. Tem mais de tudo do que em outros locais, porque aqui é mais abrangente, você pode ter um blog literário, por exemplo, só que tem mais mil que falam a mesma coisa, e te encaram como um rival. Nas comunas não, tem várias comunas , mas as pessoas aderem nas que se sentem mais à vontade. Os membros não mandam nas comunas, mas podem escrever nelas, e aqui, cada um escreve no seu, e não quer concorrentes. Tem quem prefere aqui, porque aqui mimimi dá IBOPE. Não é todo mundo, é claro, eu sei disso, tem gente ótima aqui, que dá gosto ler. E se voltei, é por isso, por que finalmente enxerguei o óbvio, nenhum lugar é como o outro, mas todo lugar é igual quando se trata de pessoas.

    Muito obrigada, Christian, vou voltar, sim, com o blog de Poe. Conto com você, então. rs.

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Costumo responder aos comentários aqui no blog. Todas as opiniões são bem vindas, e importantes. Gosto de saber das pessoas o que pensam, o que sentem, o que gostam. Você que lê e prefere não se manifestar, quem sabe um dia volte para me dizer algo. Não tenho pressa, eu espero.

Divagar é preciso...