
Quando eu era criança, tinha pena do Ano Velho. Me lembro de como eu ficava triste quando ouvia aquela musiquinha dando adeus tão alegremente, aquele adeus tão animado (minha ideia de adeus já era outra), me parecia injusto demais com o pobre velhinho (não sei porque eu o imaginava um velhinho...) . Coitado, só porque ficou velho tem que ser desprezado? Era meio assim que eu sentia.
Eu quase podia ver o Ano Velho se retirando em meio aos fogos da meia noite, olhando para trás, para aquela festa toda, ouvindo aquele coro de "adeus ano velho" e pensando: nossa... será que fui tão ruim assim?
Eu quase podia ver o Ano Velho se retirando em meio aos fogos da meia noite, olhando para trás, para aquela festa toda, ouvindo aquele coro de "adeus ano velho" e pensando: nossa... será que fui tão ruim assim?
Sou sempre grata ao Ano Velho. Entra ano e sai ano ele me deixa lições, me lembra que não nasci só para rir nem só para chorar, me fortifica com momentos bons e momentos críticos, me mostra a dimensão da minha força e da minha vontade com as coisas que consegui e com as que não realizei, me premia pelos acertos, me ensina com os erros. Aprendo um ano inteiro com ele, amadureço um ano inteiro com ele, e o melhor de tudo, é que ele sempre me deixa mais uma oportunidade de realizar o que eu não consegui realizar enquanto ele passava.
Por outro lado, sempre adorei a festa de boas vindas ao Ano Novo. A expectativa de sua chegada espana os ânimos, troca as cortinas, tira do armário a louça guardada, as toalhas brancas guardadas, dá a tudo um frescor de coisa nova, aquece o forno e a alma e renova as esperanças; mas nem por isso desprezo o Ano Velho, velho conhecido.
O Ano Novo vem feito político recém eleito, cheio de promessas de emagrecer, de parar de fumar, de realizar sonhos e de por em prática velhos projetos de vida. É nesse total desconhecido que depositamos todas as nossas esperanças de renovação e mudanças. Ninguém sabe o que ele será capaz de fazer, mas a gente sente que ele fará só coisas boas, nos abraçamos acreditando que as alegrias serão de todos, é só querer... Por alguma razão precisamos dessa sensação de vida nova todos os anos nas vésperas de um ano novo, e nos seus primeiros dias, enquanto não nos lembramos de que ele sozinho não pode cumprir suas promessas e antes dele se tornar velho e de tudo voltar a ser velho e o de sempre.
Eu, muito particularmente, não comemoro o ano novo, dou as boas vindas a ele, porque, para mim, comemorar ano novo é o mesmo que comemorar o futuro; eu comemoro o ano que terminou, mais um ano de tantas coisas vividas, de tantas perdas e ganhos, de tantas batalhas vencidas e de derrotas também, e sobrevivi a tudo, de tantas novas lições, mais um ano em que estou perto de quem amo.
Bom, este texto é uma despedida, e já está muito longo para alguém que detesta despedidas longas...
Eu, muito particularmente, não comemoro o ano novo, dou as boas vindas a ele, porque, para mim, comemorar ano novo é o mesmo que comemorar o futuro; eu comemoro o ano que terminou, mais um ano de tantas coisas vividas, de tantas perdas e ganhos, de tantas batalhas vencidas e de derrotas também, e sobrevivi a tudo, de tantas novas lições, mais um ano em que estou perto de quem amo.
Bom, este texto é uma despedida, e já está muito longo para alguém que detesta despedidas longas...
Digo adeus a você, Ano Velho, mas te agradeço. Obrigada por todas as experiências e por todos os ensinamentos, por eu estar perto de quem amo, e por eu estar aqui, escrevendo estas bobagens.
Bem vindo Ano Novo (como diz uma tia, "Ano Bom"), que você seja bom mesmo para todos, que nos dê, não só as mesmas oportunidades que por algum motivo perdemos, mas muitas outras.
Eu? Vou continuar não entendendo... Vou continuar com este inconformismo... Vou ver os fogos da sacada e experimentar de novo aquela estranha e inexplicável sensação de "algo novo" no ar...
Cheers!!
Agradecimento: Agradeço a Marcelo Rubens Paiva por ter tido (antes) a ideia do título deste post.
("Feliz Ano Velho", livro de Marcelo Rubens Paiva, 1982)